sábado, 1 de junho de 2013

Vovó e eu

Costumava me convencer que a minha preguiça
não era falta de fé.
Dizer que me faltava força
Que eu era uma simples e pobre mulher.

Foi quando vi minha velhinha
sem forças, cansada e de muita fé.
De noite, a dor lhe consumia
Mas, diante de mim, havia uma grande mulher

Ouvia clamar forte, apesar de sem voz:
"Maria Maria, rogai por nós!"

Quando a pontada em seu peito
lhe tirava do leito,
levantava-se de sua cama,
indagava: "Senhor, és tu quem me chama?"
E em pleno jejum,
recitava o salmo vinte e um

Às vezes tentava gritar:
Era quando eu ia lhe encontrar.
Oferecia-lhe ajuda
Tinha a sua resposta miúda:
"Menina, teu coração é bom, vem comigo rezar"
"Menina, pede a Deus pra nos salvar"

"Maria Santíssima, tem compaixão de mim...
Senhor, Senhor, por que dói tanto assim?"

Eu lembro que tinha uma certa vergonha...
Dizia, meio baixinho, meio tristonha:
"Jesus, tende piedade
Vovó vive a fé com veracidade..."

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